3/30/2011

Amadora EMPREENDE: 4 Histórias de Vida



O Casal da Mira, bairro social do Concelho da Amadora, tem cerca de 2500 habitantes e não existe qualquer estabelecimento comercial, apenas uma farmácia. Avistam-se muitas lojas mas todas elas fechadas. Aqui reina o silêncio, só a curiosidade sai a rua, para olhar quem, desconhecido, por lá passar.

Existe uma fronteira discriminatória no Bairro: o que muitos de nós considerariam banal, como a entrega de uma pizza, no Casal da Mira não é possível. Nenhuma empresa de take-away se disponibiliza a fazer entregas. Se os seus habitantes quiserem comprar bens de primeira necessidade tem que se deslocar cerca de 2km, estando a falar de uma população que maioritariamente não possui meios de transporte, esta tarefa torna-se penosa.

Isto poderia ser encarado como um factor negativo, é um facto, mas há quem encare isto como uma oportunidade de negócio e uma hipótese de alterar a sua condição de vida. É aqui que o Amadora Empreende entra, ou seja, dota as pessoas de capacidades para implementarem um negócio, que muitas das vezes representa o seu projecto de vida. 

Vera, Nuno e Isaura, residentes no bairro Casal da Mira, receberam um folheto informativo em casa sobre um projecto de empreendedorismo social no Concelho da Amadora. O conceito pode parecer complexo, mas a comunicação é clara: “Tem uma ideia de negócio?”.

Decidiram candidatar-se com uma ideia que já tinham há algum tempo mas que nunca tiveram condições de concretizar. A Vera aproveitando-se da ausência de uma pizzaria no Casal da Mira e da recusa dos distribuidores a entregá-las, tinha a ideia de abrir a primeira pizzaria do Bairro. O Nuno e a Isaura, que lidavam diariamente com a ausência de um local onde facilmente tivessem acesso a bens de primeira necessidade, da dificuldade ao seu acesso, e da diversidade cultural do Bairro, traziam como objectivo implementar uma mercearia com produtos africanos e europeus.

E foi com ideias como estas que, através do Amadora Empreende, foram seleccionados, tiveram acesso gratuito a uma formação leccionada por docentes universitários do ISCTE-IUL que lhes deu os fundamentos básicos para criar um negócio. Foram ainda acompanhamos por consultores especializados do AUDAX-IUL que ajudaram as suas ideias a tornarem-se realidade.

A Câmara teve um papel essencial, cedendo quatro lojas no bairro Casal da Mira para os projectos a uma renda simbólica e ainda apoiou monetariamente a reestruturação das mesmas.

Actualmente a Vera, o Nuno e a Isaura, estão a terminar as obras das suas lojas, dentro de um mês, os 2500 habitantes do bairro já podem desfrutar da pizzaria Sábi e do mini-mercado Euro África. As oportunidades de negócio estavam lá, só precisaram que lhes abrissem a porta.

Outro caso de sucesso é o de Ana Laginha, vitralista de profissão e de paixão, tinha um pequeno atelier na sua casa onde trabalhava esta arte esquecida. Restam apenas 5 vitralistas em Portugal.

Por uma questão de espaço, a artista estava condicionada, não conseguia trabalhar peças com maior dimensão. O seu sonho era abrir um atelier onde pudesse expor os seus trabalhos e mostrar a sua criatividade nesta arte que domina. Como os pedidos para efectuar peças eram muitos, a Ana não conseguia satisfazer a oferta devido às suas limitações.
Candidatou-se e frequentou o Amadora Empreende, actualmente está a ocupar uma das lojas do Casal da Mira, e verá o seu novo atelier, de nome Vitralíssimo, inaugurado dentro de pouco tempo.

Também Arlindo Faria, mestre na arte da reparação de estores, se candidatou a esta iniciativa com um só propósito: consolidar um negócio que já tinha, diferenciando-se da concorrência. Actualmente conta com uma carteira 300 de clientes e com perspectivas de crescimento. Teve igualmente acesso a uma loja no casal da Mira, o que lhe permitirá receber os seus clientes e expor os seus materiais.

O bairro casal da Mira dentro de um mês acolherá 4 novos estabelecimentos com a Vera, Nuno, Isaura, Ana e Arlindo na linha da frente, eles servem de exemplo a uma sociedade pessimista.


Pizzaria Sábi, Mini-Mercado Euro-África, Soluções Estores e Vitralissimo. Quatro histórias de vida, quatro projectos tornados realidade pelo Amadora Empreende.




Cláudia Barbosa

3/04/2011

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Source: fastcodesign

Post by: Ana Fonseca

CRÓNICAS DA CHINA de Virgínia Trigo: Uma questão de estratégia

Como é habitual por alturas do Ano Novo Chinês, o que aconteceu recentemente em 3 de Fevereiro, recebo sempre inúmeras felicitações e desejos de que o novo ano me seja muito próspero. Vem tudo acompanhado por diversas interpretações do que representa aquele animal no zodíaco chinês e em especial do que ele representará para mim, o que nem sempre é coisa boa ou fácil de entender considerando que a maior parte das traduções foi feita pelo google.



Fiquei pois a saber que este – o ano do Coelho (tu zi em chinês) – irá ser um ano de reflexão em que todos poderemos “respirar e acalmar os nervos”. Deveremos também concentrar-nos na família, na segurança e na diplomacia, o que não parecem ser maus conselhos. Segundo me afiançou a minha amiga Yi Lin, ela própria Coelho, estes figuram sempre na lista das pessoas melhor vestidas, são carismáticos, pensativos e calmos. São também pessoas de confiança para relações de negócio e possuem a qualidade mais admirada por todos os chineses: são grandes estrategas. Numa negociação nunca mostram os seus trunfos até que chegue o momento exacto, e sabem instintivamente o que fazer em cada ocasião.

Yi Lin está mesmo certa de que o seu herói preferido, Zhuge Liang, cujo feito mais notável está descrito no romance clássico “Os Três Reinos”, seria Coelho. O episódio passou-se há muitos anos quando a China estava dividida em três reinos e o exército do temível general Cao Cao se aglomerava na margem norte do rio Yangtse preparando-se para atacar os exércitos dos outros dois reinos, na margem sul, rivais e aliados. Estes eram chefiados por Zhou Yu e Zhuge Liang mas temiam o momento do confronto porque não tinham flechas em número suficiente. Que não se preocupassem, garantiu Zhuge Liang, ele mesmo se encarregaria de arranjar nada menos do que cem mil flechas no prazo de três dias. Tal feito parecia impossível tanto mais que Zhuge Liang, em vez de se dedicar a qualquer actividade digna, passou o tempo a beber e a compor poemas. A única coisa que fez foi ordenar a construção de um sem número de barcos de palha.

Um dia antes de terminado o prazo, quando um espesso nevoeiro se instalou sobre o rio, Zhuge Liang mandou avançar uma vintena de barcos ao ritmo de tambores colocando os outros bem em evidência sobre o cais. Olhando para as imagens fantasmagóricas que avançavam sobre si, Cao Cao, ordenou ao seu exército que disparasse e fê-lo com uma fúria tal que, recolhidos os barcos de palha, a quantidade de flechas ultrapassou largamente o número pretendido.

A figura importante nesta história é o estratega, aquele que sabe aproveitar o potencial de uma situação, o que não se fixa na acção, mas em tudo o que está a montante da acção e nas condições que a propiciam como, neste caso, o nevoeiro habitual no rio naquela época do ano. A eficácia é tanto maior quanto mais discreta for a estratégia.

Quanto a mim, creio que não só Zhuge Liang, mas toda a diplomacia chinesa é Coelho, como ainda recentemente ficou demonstrado nos incidentes de Setembro passado entre a China e o Japão sobre as muito disputadas ilhas de Diaoyu (Senkaku para os japoneses), quando um barco de pesca chinês colidiu com um navio da guarda costeira japonesa culminando com a detenção do capitão chinês. Enquanto ambos os lados clamavam quanto à libertação, a diplomacia chinesa fez discretamente saber que aquelas encomendas de terras raras que o Japão fizera poderiam estar atrasadas ou o preço poderia inclusivamente aumentar. Foi quanto bastou para que o capitão fosse libertado e para que o mundo acordasse para a questão das terras raras, o conjunto de 17 minerais que são utilizados em tudo o que integra a electrónica moderna e a tecnologia “verde” – cada Toyota Prius leva quase um quilo – e de que a China é simplesmente o maior fornecedor mundial.

Enquanto isso, Yi Lin lembrou-me que o Coelho simboliza a lua, enquanto o pavão simboliza o sol. Em conjunto estes dois animais representam o princípio e o fim do dia, o Yin e o Yang da vida, pelo que, no ano do Coelho, a satisfação dos nossos pedidos e desejos poderá ser multiplicada. Se em cada uma das doze luas que hão-de compor este ano tivermos o cuidado de observar a lua cheia, o nosso “eu” interior (qi) será fortificado e a sabedoria entrará nas nossas vidas. É uma questão de estratégia.

Virgínia Trigo
ISCTE Business School